A casa de vegetação do centro de pesquisas em Viamão está repleta de mudas de butiá, em diferentes estágios de desenvolvimento. Os pesquisadores Gilson Schlindwein e Adilson Tonietto observam as plantas com atenção, até que estejam prontas para serem retiradas por produtores interessados em desenvolver pomares de butiá para exploração comercial.
A produção de mudas de butiá pelo Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) faz parte de uma linha de pesquisa que se iniciou em 2006, com o objetivo de tornar viável a exploração econômica pelo cultivo ordenado de butiazeiros. Atualmente, a produção de butiá no Estado se baseia no extrativismo de matas nativas.
Os pesquisadores estão estabelecendo parcerias com produtores rurais que possam enviar amostras de butiazeiros que tenham boas características para exploração comercial, como frutos mais doces, maiores, menos fibrosos e plantas de produção precoce. “Caracterizamos esse material, o que gera dados para a nossa pesquisa. Uma parte vai para nosso banco de germoplasma [material germinativo], e o excedente dessas mudas retorna para o produtor que nos forneceu esse material”, explica Gilson.
O centro de pesquisa de Viamão conta com um pomar instalado de diversos butiazeiros, chamados progênies, que são “filhos” de árvores matrizes conhecidas por características importantes para o cultivo sistematizado. Muitos já entraram em fase de produção com desempenho bastante semelhante à planta de origem – mostrando que um butiá não cai longe da árvore. Estes progênies também estão sendo utilizados para a produção de mudas destinadas a produtores parceiros da pesquisa em butiá.
“Nossa maior demanda agora é por mudas de um butiá que não seja azedo, fibroso, miudinho. Os produtores querem uma garantia, não vão investir num butiá se for esperar seis anos ou mais para saber como será a fruta. E com nosso trabalho de pesquisa, de seleção, sabemos que esses progênies replicam boa parte da característica da planta mãe. É um trabalho inédito que fizemos aqui”, destaca Gilson.
A produção de mudas é feita por meio de técnica desenvolvida pela equipe de pesquisadores do DDPA para quebrar a dormência da semente de butiá, que pode levar até dois anos para germinar. Com o método elaborado a partir das pesquisas do departamento, o tempo de germinação foi reduzido para cerca de um mês. O passo-a-passo para a técnica está disponível gratuitamente neste folder.
Mudas de butiá para Porto Alegre
As mudas de butiá produzidas pela Secretaria da Agricultura também estão sendo destinadas a projetos de paisagismo urbanístico em Porto Alegre. Em janeiro, a Seapdr doou 85 mudas de butiazeiros à Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus). As mudas foram implantadas no Viveiro Municipal, no Parque Saint Hilaire e, em quatro anos, estarão aptas a serem transplantadas para parques, praças, ruas e áreas de preservação permanente de Porto Alegre. Paralelamente, técnicos da Smamus estão aprendendo a técnica de quebra de dormência da germinação, desenvolvida pelos pesquisadores da Seapdr, para acelerar a produção de mudas.
Fonte: Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural
2022-03-16 11:26:15