Localizada na margem esquerda da barragem do canal e sob responsabilidade operacional e de manutenção da Agência de Desenvolvimento da Bacia da Lagoa Mirim (ALM) e Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), a Eclusa foi concluída em 1977. Estrutura hidráulica disposta no Canal São Gonçalo, seu funcionamento é considerado vital para a região, pois garante a segurança hídrica e qualidade da água, utilizada tanto para consumo de cidades da Zona Sul do Estado como para irrigação das lavouras e arrozais. Sua função é dessalinizar a água que vem da Lagoa dos Patos e do Canal São Gonçalo em direção à Lagoa Mirim.
A operação das comportas da Eclusa, que não se destinam ao escoamento das águas, se dão de acordo com as necessidades de passagem das embarcações que já utilizam o Canal São Gonçalo como hidrovia. De acordo com o coordenador da Agência de Desenvolvimento da Bacia da Lagoa Mirim (ALM) e professor da Ufpel, Gilberto Collares, a intrusão de águas oceânicas na Lagoa Mirim é condicionada pela intensidade dos ventos da região e pela condição de nível existente no local. Por conta dessa característica, a obra de construção da Eclusa do Canal São Gonçalo foi autorizada pelo governo federal em 1972, e concluída cinco anos depois.
Atualmente, para sua adequação ao projeto da hidrovia, segundo Collares, a estrutura necessita de investimentos de mais de R$ 380 milhões. O planejamento da Eclusa, por exemplo, não é feito para navegação em período de estiagem, quando ocorre a irrigação do arroz na região, se consome mais água e o nível hídrico baixa, dificultando a navegação. Pontos como esses precisarão ser considerados.
“Nossa expectativa (com a hidrovia) é das melhores, mas será necessária uma manutenção preventiva de toda a estrutura da Eclusa para que a Hidrovia da Lagoa Mirim entre em funcionamento. Atualmente, as dificuldades de recursos comprometem a manutenção da estrutura. Precisamos de todo um trabalho preventivo, e não corretivo”, comenta Collares.
Segundo ele, os investimentos em batimetria (medição da profundidade das águas), sinalização, dragagem e balizamento (sinalização que garante segurança à navegação) do projeto também serão fundamentais para deixar a Eclusa e a Barragem do Canal São Gonçalo em condições de uso para a hidrovia.
“A hidrovia terá de se estabelecer de acordo com o tamanho da Eclusa, são questões que deverão ser acertadas ao longo do projeto para efetiva operação. Estamos torcendo para que aconteça com maior brevidade possível. Dificuldades para toda a operação não haverá, desde que haja recurso para isso. A Eclusa é fundamental para dar condições de navegabilidade ao Canal São Gonçalo”, comenta o professor.
Em 2017, estudo apresentado pela ALM ao governo federal apontou que seriam necessários para a manutenção corretiva e operacionalização da Eclusa e da Barragem cerca de R$2 milhões por ano. Desde então, os repasses não chegaram a esse montante – o previsto para 2022 deverá ficar em torno de R$ 500 mil, por exemplo. No entanto, a Ufpel colabora para a manutenção da estrutura, e recursos de pesquisa tabém são destinados a garantir o funcionamento de todo o processo.
Fonte: Jornal do Comércio – Economia
2022-04-19 18:26:00