Centenas de animais marinhos, incluindo mais de 500 lobos-marinhos e leões-marinhos, perderam a batalha contra a gripe aviária em outubro, causando uma tristeza profunda nos defensores da vida marinha. O primeiro sinal da infecção foi detectado na Praia do Cassino, em Rio Grande, marcando o primeiro caso de gripe aviária em mamíferos no Brasil.
A tristeza se espalhou para outras áreas, como Torres, no litoral norte, e a Praia do Hermenegildo, em Santa Vitória do Palmar, próxima à fronteira com o Uruguai. Locais onde, infelizmente, a doença encontrou mais vítimas entre os nossos amigos marinhos.
Lauro Barcellos, diretor do Museu Oceanográfico FURG, expressou sua consternação, lembrando que surtos semelhantes já ocorreram em outras partes das Américas, do Equador ao Chile, da Argentina ao Uruguai. Ele ressaltou o impacto devastador desse surto, especialmente na população de leões-marinhos.
O governo gaúcho confirmou os focos de gripe aviária por meio de exames laboratoriais nos primeiros animais encontrados. Em seguida, seguindo protocolos do Ministério da Agricultura e Pecuária, classificou os demais casos como presumidos, priorizando o enterro adequado dos animais.
Francisco Lopes, do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal do RS, explicou que, embora a infecção em humanos seja rara, a precaução é fundamental. Ele destacou que o vírus não tem, atualmente, a capacidade de transmissão entre humanos, mas ressaltou o risco potencial de mutação.
O desafio de remover as carcaças exigiu equipamentos especiais e maquinaria pesada. Os animais foram enterrados em valas profundas, alcançando até 2 metros. Além disso, as autoridades recomendaram que os animais domésticos fossem mantidos afastados das praias, visando evitar a contaminação.
Mesmo com esses desafios, é tranquilizador saber que os casos de gripe aviária em animais marinhos não afetam o status do Brasil como país livre da influenza aviária, segundo a Organização Mundial da Saúde Animal. A cadeia de inspeção e fiscalização na produção comercial permanece normal, assegurando a qualidade e segurança dos produtos de origem animal.
Em paralelo, o Ministério da Agricultura e Pecuária confirmou focos da influenza aviária em animais marinhos em Santa Catarina, garantindo que não há risco no consumo de carnes de aves e ovos inspecionados. O Ministério do Meio Ambiente também está em ação, colaborando com estados e municípios para conter a disseminação do vírus.