Na época da década de 40, comentavam que o Rastilho era um andarilho pelos campos e que praticava pequenos roubos para se alimentar, criando temor nos moradores. Levou a polícia a tentar prendê-lo e que numa das perseguições foi ferido e morto.
Esses casos do Rastilho são muito conhecidos pelos que moram na Zona Rural de Jaguarão, mais precisamente na 2ª Zona, ou 2º Distrito, em Santana, já na cidade, muitos não conhecem. O Senhor Nestor Silva há alguns anos atrás relatou dizendo que trabalhou com o Negro Rastilho quando iniciou a Granja São Gabriel e que regulavam de idade, 16 a 17 anos. A primeira surpresa começou quando num fim de semana, jogavam uma pelada de futebol e que lá pelas tantas estavam no intervalo do jogo, fumando, quando Rastilho fez uma proposta: Se vocês me derem uma carteira de cigarros, eu abro o cadeado da cantina da granja. Eles aceitaram a proposta de Rastilho. Batendo de costas, as portas se abriram sem ofender o cadeado, só com o poder do pensamento.
Essa atitude ele praticou várias vezes quando estava sem cigarro e encontrasse alguém que duvidasse. Os espertos sempre aparecem. Logo, logo, apareceram os vivaldinos que se fazendo de amigos, incitavam o Rastilho a abrir outras portas para roubarem, aterrorizando a população. Rastilho foi morto e enterrado no mesmo local, propriedade do Sr. Hélio Silveira. Com o protesto do proprietário do campo, o Dr. Mirabeau Pacheco Baltar se ofereceu a fazer um túmulo em sua fazenda e levar os ossos do Rastilho para lá. É em estilo capela com um funil no topo, onde as pessoas colocam cachaça para o interior, diretamente sobre os ossos. É diferente das demais oferendas a outros milagrosos onde as bebidas são postas fechadas ou derramadas no chão. Existem várias placas no túmulo.
Placa Central: RAMÃO MACHADO – NEGRO RASTILHO – FALECIDO EM 13.07.1945.
Existem outras placas, com pedidos, oferendas e o nome dos beneficiados.
Certa vez, o Dr. Mirabeau estava com uma lavoura perdida quando fez uma promessa para o Rastilho, salvando toda plantação. O seu Nestor diz que tem muita crença no Rastilho e que toda vez que toma uma cachaça não derrama num canto da sala como fazem para os demais santos. Ele bebe e o Rastilho bebe com ele. Conta também que o Rastilho sendo, uma vez, perseguido pela polícia, tirou o cinto da cintura, colocou no pescoço de um cavalo xucro e este não corcoveou levando-o até a 2ª Zona. Quando seu Nestor esteve com problema na próstata, fez promessa e foi salvo.
Um empregado da estância, metido a esperto costumava tomar as cachaças das oferendas, sempre prometendo que iria devolver em dobro. Resultado: morreu louco. Um operário, desacorçoado por não receber seus salários, fez uma promessa que se recebesse iria colocar doze garrafas de cachaça no túmulo. Para sua surpresa, ao chegar na sua casa, as luzes dos tratores começaram a piscar misteriosamente e na mesma hora chegou o patrão que deu seu salário além do esperado.
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