Cada vez mais o antigo projeto da hidrovia Brasil-Uruguai, também conhecida por hidrovia do Mercosul, fica mais próximo de se tornar uma realidade. Conforme o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Eduardo Nery, a perspectiva é que os serviços de dragagem iniciem neste ano e que em 2024 a ligação entre os dois países, através da conexão entre as lagoas Mirim e dos Patos, esteja operacional.
O dirigente ressalta que o governo federal já assumiu o compromisso de realizar a dragagem da hidrovia, sendo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) o responsável por essa obra. Ele detalha que já foi obtida com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a licença prévia para a iniciativa e agora se aguarda o licenciamento de instalação para começar a dragagem.
Além dessa ação essencial para o aproveitamento desse modal logístico, o governo federal estuda o melhor modelo para executar a gestão da hidrovia, manutenção e sinalização constante, para que a via possa ser navegável por muitos anos. Entre as ideias analisadas estão a concessão ou firmar uma Parceria Público-Privada (PPP) para administrar a hidrovia. Nery diz que já existem estudos feitos sobre a viabilidade do empreendimento e foi constituído um grupo para tratar do assunto composto por integrantes da Antaq, Dnit, Ministério dos Transportes, Marinha do Brasil e a empresa pública Infra S.A.
O diretor-presidente do APL Marítimo RS, Arthur Rocha Baptista, explica que a economia azul abrange a economia do mar, que diz respeito a atividades ligadas à água, como transporte aquaviário, pesca e operação portuária, porém também agrega fatores de sustentabilidade, inovação e inclusão. O embaixador do Uruguai no Brasil, Guillermo Valles, complementa que o fórum rio-grandino chama a atenção para as riquezas que se encontram ao redor dos mares, rios e lagoas, seja para gerar energia elétrica, hidrogênio verde, turismo e outros potenciais.
“Essa é uma ideia de liderança”, aponta o diplomata. Sobre a hidrovia Brasil-Uruguai, o embaixador comenta que a proposta tem várias razões para ser concretizada. Ele lembra que os presidentes brasileiro e uruguaio, Luiz Inácio Lula da Silva e Luis Lacalle Pou, debateram esse tema em encontro realizado em Montevidéu, em janeiro. Valles reforça que foi assumido o compromisso, por parte do governo brasileiro, de começar a dragagem da hidrovia antes do final de ano em pontos como o canal São Gonçalo, que faz a ligação entre as lagoas Mirim e dos Patos.
Fonte: Jornal do Comércio – Economia
2023-04-04 18:17:00