O pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Danilo Sant’Anna, também destaca a importância da pecuária dentro do sistema de produção com o arroz e a soja em terras baixas. Para o especialista, a lavoura ajuda muito no sistema com a presença de recursos, mas a pecuária contribui para a redução de custos e a diversificação de renda. “O que importa é a renda da propriedade como um todo. Para isso é necessário uma visão do sistema da propriedade inteira com uma visão integrada. É uma atividade que pode proporcionar mais renda pelo aumento de produção e não somente porque os preços estão bons. Mesmo antes, a margem de aumento de produtividade é muito grande nestes sistemas pastoris, e o grande impulsionador da renda é a produtividade. Este aumento de renda paga os investimentos que a pecuária necessita”, ressalta.
Além disso, Sant’Anna enfatiza o benefício para o solo nesse sistema de produção, o que impulsiona a produtividade da lavoura. “Na fase pecuária conseguimos aumentar muito o parâmetros de fertilidade e rapidamente, e disso depende o aumento de produtividade do pasto pastado para ter aumento de matéria orgânica para que a lavoura pegue depois em cheio de uma forma inclusive muito mais assimilada, fazendo com que consigamos aumentar a própria produtividade da lavoura pelo aumento das melhorias de fertilidades do solo”, observa.
Um dos proprietários da Estância da Tamanca, de Santa Vitória do Palmar (RS), Luciano Sperotto Terra, cita o exemplo da propriedade. “Partimos há algum tempo para intensificar a integração da lavoura com a pecuária pensando no incremento na rentabilidade das duas atividades. E com o advento da soja na várzea conseguimos Introduzi-la em rotação com o arroz e mantivemos a mesma lotação nas áreas de pecuária na sequência desta rotação com um melhor aporte forrageiro e incremento de fertilidade, produtividade e diversificação das commodities que trabalhamos”, explica.
Conforme Terra, existe o respeito entre as atividades e o mantra que elas precisam crescer juntas. Mesmo que uma atividade esteja mais rentável que a outra no momento, o objetivo é investir no crescimento de todas ao mesmo tempo. Montamos um modelo com sete planos, onde plantamos mais ou menos 40% da área e os outros 60% são de atividade pecuária que vão girando entre arroz, soja, arroz, pecuária 1, 2, 3 e 4. Entendemos que melhorou o fluxo de caixa e valorizou mais os produtos, pois com isso podemos escolher a melhor época de comercialização. Além disso todos os colaboradores ja sabem o planejamento das áreas de lavouras e pecuária para os próximos anos. Nada é engessado, tudo pode sofrer mudanças, mas sempre pensando no crescimento e rendimento das atividades” afirma.
Os três participarão de painel sobre o tema. A 31ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas ocorrerá de forma híbrida de 9 a 11 de fevereiro de 2021, na Estação Experimental Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão (RS), e virtualmente, com o tema “Os novos rumos do sistema de produção”. O evento, que terá inscrições gratuitas e online, tem a realização da Federarroz, correalização da Embrapa e o patrocínio do Instituto Riograndense do Arroz (Irga).
2020-11-19 00:00:00