A Bacia de Pelotas, que engloba toda a costa gaúcha, indo do Sul de Santa Catarina até a fronteira com o Uruguai, nunca antes teve uma probabilidade tão alta de confirmar a descoberta de petróleo e/ou gás em suas águas. Isso se deve ao leilão realizado pela Agência Nacional do Petróleo e Biocombustíveis (ANP) na quarta-feira (13), no qual 44 blocos da bacia foram arrematados por empresas de grande porte, como a Petrobras, a Chevron e a Shell.
As empresas vencedoras do leilão precisarão investir pelo menos cerca de R$ 1,5 bilhão em atividades exploratórias, como estudos geológicos, sísmicos e a perfuração de poços. O diretor da consultoria ES-Petro e ex-integrante da ANP, Edson Silva, afirma que esse é o melhor resultado já verificado para a Bacia de Pelotas em um leilão de exploração de petróleo.
“Mas, não quer dizer que há garantia. A atividade de exploração de petróleo é de alto risco”, ressalta o especialista. Contudo, Silva cita entre os fatores que permitem ser otimista quanto à chance de encontrar petróleo e/ou gás o número de blocos leiloados e a participação de grandes companhias do setor.
Além disso, Silva argumenta que uma das explicações para o atual interesse na Bacia de Pelotas deve-se também às descobertas de óleo na costa africana, na Namíbia, que tem características geológicas semelhantes à da área situada na América do Sul.
O diretor comercial de novos negócios da corretora Galcorr, Fernando Prado, acrescenta ainda entre os pontos que animaram os empreendedores a expectativa de licenciamento ambiental mais rápido e as perspectivas de preços mais elevados do petróleo a partir do próximo ano.
Ele reforça o sentimento que o leilão efetuado pela ANP foi muito positivo para o segmento petrolífero. “Tivemos a participação de grandes nomes da indústria, olhando áreas em novas fronteiras de exploração (como a Bacia de Pelotas), bem como novos players trazendo uma diversificação ao mercado brasileiro de óleo e gás”, justifica o diretor da Galcorr.
A perfuração de poço mais recente na Bacia de Pelotas foi em 2001 e os blocos mais recentemente arrematados, antes do certame deste ano, tinham sido leiloados em 2004. Atualmente, uma vantagem para a retomada das ações na costa gaúcha foi ressaltada pelo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.
Ele afirmou que a região também tem potencial para a geração de energia eólica offshore (no mar) e projetos de produção de petróleo em conjunto com essa atividade terão, futuramente, mais chance de obter financiamento dentro da perspectiva de transição energética. A Petrobras, inclusive, já protocolou no Ibama o pedido de licenciamento de várias usinas offshore, sendo uma delas na costa do Rio Grande do Sul.