CINE RIO BRANCO (Martim Cesar)
Sabemos que já faz tempo
Mas parece que foi ontem
Quando Jaguarão em peso
Cruzava os arcos da ponte
O cine Río Branco anunciava
Outro êxito em cartaz
E três sessões não bastavam…
Todos queriam bem mais
Tinha o porteiro Patrón
Y aquel hombre del ‘franfrut’
E após duas matinés
A famosa sesión ‘Vermut’
Ver algum beijo na tela
E nas poltronas também..
No intervalo em que a lanterna
Relampeava mais além
Quantos encontros vividos
No entrevero de idiomas…
Quantos romances nascidos
Dos olhares nas poltronas!
De vez em quando se ouvia
Nomear fulano de tal
‘Su presencia se exigía…
Fulana estaba en el hall’
E ano 50… quem estava
Jamais esquece um segundo
Parou o filme… o locutor gritava:
Uruguay… ¡Campeón del mundo!
Um dia a enchente invadiu
Grande parte da plateia…
Parecia até que o rio
Também vinha ver a estreia!
O mundo ali foi conhecido
Num balão de Júlio Verne
E o outro mundo… o proibido!…
Numa sessão ‘Franja verde’ !
Poucos lembram quando o cine
Cerrou suas portas pra sempre
Mas Jaguarão ficou mais triste!
E Río Branco… mais carente!
Hoje os turistas te invadem
Sempre apressados, dispersos…
Tudo compram! Nada sabem!…
Mas já morou em ti… o universo.
Fotos: Asientos y cartelera: acervo del museo historico de Juan Carlos Muniz
Franfrut : Ricardo Hernandez.
Fachada del Cine donde estaba ya alquilada al transporte Rio Branco: Maria Fernanda Passos
Fonte: Confraria dos Poetas de Jaguarão
2022-03-19 20:12:00