Conheça a trajetória do Coronel Vargas, herói da defesa de Jaguarão, e o impacto de sua bravura na identidade do Rio Grande do Sul e na história das fronteiras brasileiras.
O Coronel Manoel Pereira Vargas representa um símbolo de bravura e resistência na história militar do Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul. Sua participação no evento conhecido como “Epopeia do 27 de Janeiro de 1865” tornou-se um marco da defesa das fronteiras brasileiras. Nesse dia, Vargas liderou a guarnição da cidade de Jaguarão para repelir a invasão uruguaia, uma retaliação liderada pelo presidente do Uruguai, Atanasio Cruz Aguirre, em resposta à tomada de Paysandú por tropas brasileiras.
Em uma cidade guarnecida por 494 homens — 94 regulares e 400 provisórios de cavalaria dos corpos 15 e 28 —, Vargas enfrentou uma força invasora composta por cerca de 1.500 soldados uruguaios. Apesar da desvantagem numérica, Vargas conduziu uma defesa eficaz e disciplinada, contando com o apoio da população local. O ataque durou cerca de 48 horas, e o confronto finalizou com a retirada das forças uruguaias, que sofreram perdas significativas: 6 mortos e 20 feridos, em comparação a 2 mortos e 4 feridos do lado brasileiro. A defesa bem-sucedida de Jaguarão consolidou a presença militar brasileira e a fronteira na margem esquerda do Rio Jaguarão, sendo aclamada pela população e celebrada pelo governo imperial com o título de “Cidade Heroica”.
Além de seu impacto militar, a defesa de Jaguarão consolidou o vínculo entre a população gaúcha e a identidade nacional brasileira, simbolizando a resistência e o orgulho local. O 12º Regimento de Cavalaria Mecanizado (12º RC Mec), sediado em Jaguarão, preserva a memória de Vargas como herói e figura exemplar da tradição militar gaúcha. Suas cerimônias anuais, realizadas em 27 de janeiro, incluem o hasteamento da bandeira, desfiles militares e homenagens que relembram o episódio heroico, sempre acompanhadas por autoridades civis e familiares dos envolvidos.
Vargas demonstrou uma liderança extraordinária e um profundo compromisso com a defesa da cidade e do território brasileiro, resumido em sua frase final antes de falecer: “Achava-me no comando da guarnição e fronteira de Jaguarão na ocasião da invasão; e, bem a meu pesar, vejo-me obrigado a apresentar as provas do meu procedimento… Salvei a força e defendi a Cidade. O país me julgará como merecer…” .
Essas palavras refletem sua dedicação e são lembradas até hoje, simbolizando o espírito de resistência da região fronteiriça e o valor atribuído à defesa nacional. Em reconhecimento, o Coronel Vargas se tornou uma referência histórica não apenas para a cidade de Jaguarão, mas também para a narrativa da fronteira e das tradições militares brasileiras.
Fontes:Donato, Hernâni (1996). Dicionário das Batalhas Brasileiras 2 ed. São Paulo: IBRASA. p. 329 e 12º RC Mec