Analisar o fluxo de animais entre propriedades e descobrir quais são as fazendas que têm mais contatos é uma atividade fundamental para direcionar a atuação da defesa sanitária do Serviço Veterinário Oficial e promover mais controles de bioseguridade. Esse trabalho vem sendo realizado no Rio Grande do Sul há mais de um ano e é pioneiro no país.
A pesquisa é resultado do trabalho de uma equipe da Universidade da Carolina do Norte (NCSU), liderada pelo professor brasileiro Gustavo Machado, através de convênio com o Fundesa (Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal) e a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr). “Existem tentativas em outros estados brasileiros, mas o rico banco de dados do Rio Grande do Sul, obtido através do Sistema de Defesa Agropecuária (SDA), possibilita uma precisão maior das informações obtidas. Essa é a grande vantagem de o estado ter tido o esforço de georreferenciar todas as propriedades.”, afirma Machado.
O convênio entra agora na segunda etapa, com duração de dois anos, e aporte de mais de R$ 628 mil pelo Fundesa, abrangendo outras funcionalidades. O trabalho dos pesquisadores é desenvolver ferramentas para analisar diversos parâmetros em todas as espécies de produção e para diferentes enfermidades, além de simular situações de contaminação, prevendo onde deve ser iniciado o trabalho de contenção e até mesmo o custo com indenizações. “Com as ferramentas desenvolvidas através deste convênio, conseguimos analisar em algumas horas milhões de dados que, utilizando um software comum levaria dias de trabalho. E quando se trata de disseminação de uma doença, a agilidade faz toda a diferença”, explica Francisco Nunes Lopes, chefe do Departamento de Controle e Informações Sanitárias da Secretaria da Agricultura.
A renovação do convênio foi aprovada por unanimidade em assembleia do Fundesa, realizada esta semana. O presidente do Fundesa, Rogério Kerber, afirma que o uso de mecanismos modernos e diferenciados, que otimizam o trabalho do Serviço Veterinário Oficial e privado, já são realidade e o estado não pode retroceder. “São ferramentas que promovem o reforço da biossegurança e que vão permitir um maior controle do trânsito e a inteligência no deslocamento de equipes para a vigilância agropecuária, trazendo a tecnologia em substituição à vacina contra a aftosa”, conclui Kerber.
Um artigo do professor Gustavo Machado foi aceito na mais importante revista sobre epidemiologia. A “Transboundary and Emerging Diseases” publicou o trabalho neste mês. O artigo “Quantifying the dynamics of pig movements improves targeted disease surveillance and control plans” (veja aqui) trata sobre como o conhecimento da dinâmica de movimentação de suínos contribui para redução da disseminação de doenças. “Sabendo quais são as propriedades com mais contatos, podemos direcionar o incremento da vigilância e controle, e implementar com mais rigor planos de biosseguridade”, explica Machado. Desta forma ele afirma que é possível saber – em caso de circulação de doenças – quais propriedades irão se infectar primeiro e assim poder reduzir drasticamente os números de espalhamento de diferentes enfermidades.
Fonte: Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural
2020-09-30 08:05:52