Nova nuvem de gafanhotos ameaça novamente o Sul do Brasil. Imagem: Divulgação/Senasa.
Desde a última ameaça do final do mês de junho, o Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa) monitora a nuvem de gafanhotos que permaneceu estável e controlada na província de Corrientes, província que faz fronteira com o oeste do Rio Grande do Sul.
A passagem do ciclone bomba no início do mês inibiu o avanço dessa nuvem de gafanhotos para o Brasil e Uruguai. As baixas temperaturas registradas desde então frearam o deslocamento desses insetos, mantendo-os de certa forma “adormecidos”, já que eles preferem o calor para se reproduzir e locomover.
Na quinta-feira (16/07) a Senasa informou que essa nuvem de gafanhotos estava assentada perto do Rio Ávalos, no departamento de Curuzú Cuatiá, província de Corrientes, a aproximadamente 130 km da cidade de Barra do Quaraí, Rio Grande do Sul. As primeiras estimativas indicam que o tamanho da nuvem é de 10 km², composta por cerca de 400 milhões de gafanhotos.
Com a mudança do escoamento dos ventos, que passaram a vir de norte, e o aumento gradual das temperaturas, nos últimos dois dias os insetos se deslocaram para sul e nessa segunda se aproximaram um pouco mais da fronteira brasileira! De acordo com a Senasa, os gafanhotos passaram para a província de Entre Rios, a 3 km do munícipio argentino de San José de Feliciano, a 112 km de Barra do Quaraí (RS) e a 80 km da fronteira com o Uruguai.
O Grupo de Dispersão de Poluentes e Engenharia Nuclear (GDISPEN) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) tem analisado a trajetória dessa nuvem de gafanhotos da Argentina e inclusive realizou simulações de possíveis novas trajetórias. O grupo utilizou como base as previsões de vento do modelo WRF (Weather Research and Forecasting Model) do dia 19/07 a 22/07, baseado no fato que em 80% dos casos os deslocamentos dessas nuvens são determinados pela direção do vento.
Foram simulados 3 possíveis cenários de trajetos, todos partindo da província de Corrientes, no primeiro cenário a nuvem viajaria aproximadamente 40 km/dia, no segundo 80 km/dia e no terceiro 150 km/dia, distância máxima que uma nuvem poderia percorrer num único dia. Todos os cenários simulados indicam que com a manutenção dos ventos de norte, provavelmente essa nuvem continuará se deslocando para sul/sudeste se aproximando mais do Uruguai, e não do Brasil.
De qualquer forma, o Sul do Brasil segue sob risco, pois a trajetória desses insetos depende muito das mudanças de direção do vento e da temperatura. As previsões indicam que o tempo firme e quente permanecerá sobre o Rio Grande do Sul até o meio dessa semana, com uma possível mudança de padrão na quinta-feira, com a formação de um ciclone extratropical. Portanto, as condições devem ser avaliadas dia a dia e os agricultores devem permanecer preparados.
Além disso, o Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Vegetal e de Sementes do Paraguai (Senave), informou que na quarta-feira (15/07) uma nova nuvem de insetos foi encontrada no Parque Nacional Defensores del Chaco, a cerca de 300 km das fronteiras com o Brasil e a Argentina. A Senave alertou que os insetos estavam apresentando um deslocamento para sul e a Senasa já detectou parte desses insetos na província de Formosa, norte da Argentina, na fronteira com o Paraguai.
2020-07-21 06:02:03