Uma casa às margens do rio Jaguarão é motivo de encontros e de reflexões sobre os destinos cruzados de pessoas que vivem ou viveram na fronteira Jaguarão-Río Branco. O diretor e roteirista Luiz Alberto Cassol destaca que o episódio Casa de Rio conta um pouco da história da fronteira a partir de memórias que se cruzam com a saga da família Passos, tendo como protagonistas Jorge, Maria Fernanda e Santiago Passos.
Cassol diz que quando conheceu Jorge, ele também conheceu um exímio contador de histórias e que isso foi fundamental para a roteirização e a construção dos argumentos do filme. Maria Fernanda, que também é roteirista do filme, destaca que “a ideia era não falar apenas sobre a nossa história da família, mas falar sobre a nossa fronteira”. E complementa: “essa fronteira que a gente mostra ainda é desconhecida para muitas pessoas”. Santiago diz que foi muito importante mergulhar nas memórias dos avós e encontrar outras memórias estão há um século na região. Para Santiago, “a casa do rio é um templo de memória da fronteira, e o documentário conseguiu registrar tudo isso. Ao abrir a nossa casa, se abriu a fronteira”, conclui o atual guardião da casa.
Jorge Passos afirma que “há um muro-adorno, um monumento à civilidade, à convivência de paz e respeito entre as pessoas”. Suas memórias, assim como a de outros moradores da comunidade e de integrantes da família Passos, compõem o cenário e a narrativa do filme. Passos afirma que a casa, ponto de partida do filme, faz parte de um tempo em que Río Branco não era somente um centro comercial como é hoje. Ele lembra que “as pessoas tinham os seus comércios e também moravam ali. Era uma cidade pulsante. Havia os comércios, mas também havia o cinema, a igreja, o liceo, a empresa de ônibus, o banco, o correio, o clube de futebol, a praia do Remanso nas orillas del río, os restaurantes onde as pessoas se reuniam após as sessões del Cine Río Branco.”
Casa de Rio tem uma bela trilha sonora que faz parte dos créditos finais do curta e que, em função disso, infelizmente acabou não entrando na montagem do longa-metragem Fronteriz@s. O poeta e letrista Martim César conta que utilizou elementos de recordações de sua infância e adolescência sobre aquela casa. Para compor, ele lembrou “das pessoas correndo na ponte quando desciam do trem uruguaio e iam comprar os sortidos do lado brasileiro, para depois revender em Melo, Pueblo Rincón, Vergara, Dragón, Poblado Uruguay”. Lembra também da imponente Casa Aspiroz e da Tienda Dorimán, com seus inumeráveis tecidos coloridos na calçada. O Cine Río Branco e os filmes do Cantinflas e do Gardel também fazem parte do arsenal das recordações do compositor, assim como a “bolanta” com suas parelhas de cavalos (carroça típica), os trens, os barcos, o entrevero de falas, os fiambres que os uruguaios faziam junto à ponte e as enchentes do Jaguarão com a inundação da rua principal de Rio Branco. De acordo com o poeta, todos esses elementos serviram de inspiração e fazem parte da letra da canção, cuja música ficou a cargo de Hélio Ramirez e foi interpretada pela cantora Laura Correa, com arranjos de Igo Santos.
Protagonistas
Jorge Passos
Maria Fernanda Passos das Neves
Santiago Passos
Depoimentos
Carolino Correa – Cantautor Fronterizo
Hélio Ramirez – Biólogo e Historiador
Jose Reggiardo – Educador Cultural
Laura Correa – Cantora
Leandro Barrios – Artista Plástico
Mireya Brochado – Professora de Dança
Direção
Luiz Alberto Cassol
Direção de Fotografia
Karen Eggers
Direção de Produção
Leonardo Peixoto
Roteiro
Luiz Alberto Cassol
Maria Fernanda Passos das Neves
Assistente de Fotografia e Drone
Evandro Rigon
Direção de Arte
Ana Julia Breunig de Freitas
Som Direto
Davi Batuka
Desenho de Som
Igo Santos
Assistente de Produção
Alex Souza Araújo
Foto Still
Mozart Del Pino
Montagem, Color e Finalização
Evandro Rigon
Designer Gráfico
Luciano Ribas
Trilha Sonora
Letra: Martim Cesar
Música: Hélio Ramirez
Intérpretes: Laura Correa, Carolino Correa, Hélio Ramirez
Produção Musical e Arranjos
Igo Santos
Assessoria de Comunicação
Juliane Brum
Produção Executiva
Magnum Patron Sória
Produção Geral
Ricardo Almeida
Texto: Ediane Oliveira e Ricardo Almeida