Pesquisas constantes na Antártica produziram resultados incríveis, revelando a interação atmosférica existente entre as massas de ar das regiões polar e equatorial.
Um estudo publicado na revista Nature Climate Change quebrou a suposição de que o Pólo Sul seria a área menos afetada pelas altas temperaturas experimentadas pelo planeta. Usando um conjunto de modelos climáticos, foi possível demonstrar que o aquecimento nessas latitudes está nos limites mais altos da faixa simulada de variabilidade natural. Além disso, esse cenário pode estar associado às condições meteorológicas dos trópicos.
Qual seria a causa?
Segundo a pesquisa, o aumento do movimento ascendente do ar sobre os trópicos foi capaz de fortalecer os sistemas de baixa pressão no Oceano Atlântico Sul. Dessa forma, as massas de ar com características quentes e úmidas conseguiram se mover em direção ao interior do continente branco. Por último, mas não menos importante, os pesquisadores descobriram que a temperatura no Polo Sul subiu 1,8°C nos últimos 30 anos.
Por outro lado, é complexo determinar qual é o valor da temperatura atribuível à emissão de gases de efeito estufa (GEE) e que está associado a esse aquecimento. No entanto, usando modelos climatológicos que integram essa variável, pode-se determinar que esse número suba para aproximadamente 1°C nessas três décadas. Mas isso não é tudo, pois os modelos climáticos que não incluem GEE antropogênicos foram capazes de produzir valores superiores aos 1,8°C já observados.
Como essas conclusões foram alcançadas?
Os pesquisadores mencionam em seu estudo que as maiores anomalias positivas de temperatura no Pólo Sul chamaram sua atenção em 2018. Este ano corresponderia ao mais quente, uma vez que existem registros no Pólo Sul. Em relação à climatologia de base padrão, entre 1981 e 2010, esse valor anômalo foi de 2,4°C. Situação que também ocorreu na estação russa de Vostok, localizada no planalto oriental da Antártica.
Após observar essa situação, foi feito um relatório especial para documentar o padrão de circulação atmosférica que gerou esse calor extremo. Posteriormente, a curiosidade os levou a realizar essa pesquisa que nos deixou atordoados. Além disso, destaca-se que o clima antártico e a instabilidade tropical estão intimamente relacionados.
Além disso, pesquisas mostram que essa variabilidade atmosférica interna é suficiente para induzir mudanças climáticas extremas no interior do continente branco. Deve-se mencionar que, a oeste da Península Antártica, está localizada a área mais tempestuosa da Terra, conhecida como Amundsen Sea Low. No entanto, os resultados do estudo mostraram que os centros de baixa pressão se intensificaram a leste da península, ou seja, sobre o Oceano Atlântico.
2020-07-13 19:05:48